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UMA VISÃO MAIS HUMANA SOBRE A ANSIEDADE

  • Foto do escritor: Diálogos Humanistas
    Diálogos Humanistas
  • 8 de out. de 2019
  • 3 min de leitura

Por Flávia Beatriz de Paiva Braga

08/10/2019


De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, o Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo. Eu poderia fazer aqui uma longa descrição dos transtornos de ansiedade, bem como de seus principais sintomas, ou fornecer dados percentuais de como a ansiedade está distribuída na população brasileira. Mas, hoje escolhi escrever um pouco sobre a ansiedade do ponto de vista humano, falando um pouco sobre seu aspecto psicológico.

A ansiedade, do ponto de vista existencial, constitui uma ameaça àquilo que a pessoa considera mais importante sobre si mesma. Sendo assim, a reação à ansiedade, é sempre uma tentativa de defender-se desta ameaça contra seus valores.

Quando uma pessoa sente medo, ela sabe contra o que lutar, do que se defender, ou de que fugir. Assim, logo que ela se livra daquilo que provocou o medo, seja enfrentando ou fugindo, o medo passará. Por exemplo, uma pessoa que tem medo de sair à noite sozinha, por considerar sua cidade perigosa, pode deixar de sentir medo se alguém oferecer-lhe companhia.

Porém, quando falamos de ansiedade, a ameaça sentida pela pessoa não pode ser tão facilmente removida. Vamos imaginar um exemplo: Um homem que considere seu emprego uma das coisas mais importantes de sua vida (seja pelo sentido que o trabalho traz para sua vida, ou pela necessidade financeira) se sente ameaçado de perder o emprego. É possível que essa ameaça se apresente de tal maneira, que poderia ser como se estivesse lutando o tempo inteiro pela sua sobrevivência, ou seja, por aquilo que mantém ou dá valor a sua vida.

A ansiedade também pode ser sentida como uma espécie de pedido interno de resolução de um problema, aquela sensação de que algo está errado. Nesse caso, muitas vezes, é possível que a ansiedade deixe de incomodar quando a pessoa consegue resolver aquele conflito específico.

Nessa perspectiva, a ansiedade é algo que surge a partir da relação entre a pessoa e o mundo. Isso explica porque pessoas calmas, podem, em determinados momentos de sua vida, sentir níveis de ansiedade tão altos que precisem buscar ajuda.

Mas, estando a ansiedade presente, a pessoa sempre buscará uma saída. Porém, algumas saídas, podem ser consideradas patológicas e outras, saudáveis:

Quando uma pessoa quer fugir da ansiedade ao invés de se deparar de frente com a situação, a ansiedade se torna destrutiva. As formas de tentar escapar da ansiedade são as mais diversas possíveis: medicamentos, jogo, álcool, compras, televisão, internet, ou simplesmente, o desvio do pensamento. Em determinados momentos, evitar a ansiedade é necessário para que a pessoa possa conseguir levar adiante algumas tarefas ou compromissos. Contudo, quanto mais intensamente uma pessoa fugir da ansiedade, mais destrutiva ela se tornará, pois é como ficar sempre tentando fugir dos seus problemas, ou de si mesmo, então ela sempre retornará;

· Pode-se dizer que a solução saudável para o problema da ansiedade, é exatamente o oposto, é encarar a situação de frente. Se ela está sendo causada por um conflito, é preciso buscar a solução desse conflito.

A ansiedade é parte da nossa humanidade, por isso, está presente em alguns momentos da vida. O importante é estar consciente, e buscar uma resolução saudável quando ela surgir. Em algumas circunstâncias da vida, pode ser difícil encontrar uma saída sozinho e a ansiedade pode persistir, impedindo que você continue vivendo de forma plena ou satisfatória, e nesse momento, é hora de buscar ajuda, seja entre amigos e familiares, ou mesmo de um psicólogo.

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