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UMA COMPARAÇÃO DE CONSTRUTOS E VERIFICAÇÃO DE SEMELHANÇAS POSSÍVEIS

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O Ajustamento Criativo na Gestalt-Terapia e a Tendência Atualizante na Abordagem Centrada na Pessoa


Por Iolanda Aguiar e Oliveira

19/10/18


Eu sou eu e minha circunstância,

E se não salvo a ela,

Não me salvo a mim

(José Ortega y Gasset)


O estudo da psicologia clínica categoriza a compreensão teórica do ser humano, em primeira instância, de acordo com a concepção filosófica que fundamenta a noção de homem e de mundo em cada escola do pensamento psicológico. As abordagens humanistas-existenciais-fenomenológicas compartilham do mesmo fundamento filosófico, mas distinguem-se entre si no que tange às suas teorizações sobre o funcionamento psicológico dos seres humanos, bem como às suas propostas relativas à prática psicoterapêutica. As teorias de Perls e Rogers podem ser incluídas dentre as abordagens da terceira força mais difundidas no universo da psicologia, e um trabalho que visa comparar construtos – a princípio – aparentemente semelhantes, só se faz possível em função do compartilhamento dos fundamentos filosóficos entre a Gestalt-Terapia e a Abordagem Centrada na Pessoa.

A relevância desse trabalho reside no fato de que a clarificação das convergências e divergências entre os construtos a serem discutidos pode favorecer uma compreensão mais precisa de ambas as teorias em questão. Além das considerações agora feitas, também é válido pontuar que uma apreensão avaliativa das abordagens pode ser inspiração para uma reconfiguração da prática psicoterapêutica.

Para realizar o trabalho aqui pretendido, será feita uma breve apresentação da Gestalt-Terapia e da Abordagem Centrada na Pessoa para compreender os fundamentos a partir dos quais emergem os conceitos de Ajustamento Criativo e Tendência Atualizante. Em seguida os construtos serão descritos e, por fim, será feita uma análise comparativa de ambos. Vale frisar que esse trabalho se caracteriza como um esboço de uma investigação que promete ser complexa e, por essa razão, para se chegar a uma conclusão mais precisa, estudos mais completos se fazem necessários.


A GESTALT-TERAPIA

Wallen (1973) explica que Perls identificou ideias e conceitos da Psicologia da Gestalt que serviram como embasamento de seu pensamento. Partindo de uma teoria da percepção, que pressupunha a “relação mútua entre a forma do objeto e os processos do indivíduo que o percebe” (p. 13), a psicologia da Gestalt compreende o indivíduo como participante ativo em suas percepções, em lugar de posicionar-se como recipiente passivo das qualidades do objeto percebido. A Gestalt-Terapia traz como possibilidade a inclusão do próprio sujeito que se percebe como objeto de sua percepção.

A Gestalt-Terapia enfatiza o aqui-e-agora como aspecto necessário para a compreensão da experiência e dos vários comportamentos manifestos pelo sujeito. A presença do psicoterapeuta nesse processo tem por objetivo acentuar a compreensão, incrementar a atenção e o significado da experiência, incluir o conteúdo intrapessoal e destacar as dificuldades da pessoa em terapia. Para a Gestalt-Terapia, a mudança ocorre quando “uma pessoa passa a ser o que é, não quando ela tentar passar a ser o que não é” (Wallen, 1973, p. 17). É na aceitação de suas defesas e na aceitação de quem se é, é que novas possibilidades de ser passam a emergir. (Wallen, 1973)

A dinâmica da percepção da Gestalt-Terapia é compreendida pelas noções de figura e fundo. A relação figura-fundo, a qual denomina-se gestalt, pressupõe que o objeto percebido é figura que estabelece relação contextual com o fundo. O fundo, parte do campo perceptual, é sem foco e sem forma para o indivíduo que o percebe e diz respeito ao indivíduo e seu ambiente. A Gestalt-Terapia compreende a formação de figura-fundo segundo as necessidades emergentes do organismo. A necessidade se faz figura inserida num contexto de relação com o fundo, ou seja, com a situação e/ou ambiente no qual aparece (Moreira, 2010).

Perls, Hefferline e Goodman (1997), afirmam que o crescimento da pessoa só se faz possível quando a formação de gestalten é completa. A situação inacabada, ou ainda, a gestalt aberta, inviabiliza a emergência de novas gestalten, dificultando o desenvolvimento pleno da pessoa. Dessa forma, os autores apontam que

na luta pela sobrevivência, a necessidade mais importante torna-se figura e organiza o comportamento do indivíduo até que seja satisfeita, depois que ela recua para o fundo (equilíbrio temporário) e dá lugar à próxima necessidade mais importante agora. (p. 35)

O ajustamento criativo, segundo Moreira (2010), é a suplantação de estruturas relacionais não funcionais, por meio de um processo de reorganização que inclui a integração do novo. Dá-se, então, a auto-regulação do fluxo figura-fundo por meio do contato (Moreira, 2010).

Os esclarecimentos aqui feitos são insuficientes no que tange a contemplação plena da teoria da Gestalt-Terapia. Contudo, pressupõe-se serem suficientes para a compreensão da comparação entre os construtos que se pretende explorar mais adiante neste trabalho.


A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Amatuzzi (2012) explica que Carl Rogers propôs uma abordagem psicológica com a intenção de facilitar às pessoas o acesso aos seus recursos interiores. Não se trata de uma metodologia psicoterapêutica, mas de uma ética. As relações de ajuda não eram para Rogers reduzidas ao setting terapêutico, mas podem ser compreendidas como a adoção de um conjunto de atitudes que possibilitam o acolhimento, a compreensão e autenticidade.

O pressuposto humanista na teoria rogeriana, segundo Amatuzzi (2012), é o pressuposto da autonomia. “O ser humano tem algum poder sobre as determinações que o afetam, e esse poder é, na verdade, mais relevante para o desenvolvimento do que aquelas determinações” (p. 17). Para o autor, pode-se compreender a autonomia como a condição do ser humano para estabelecer uma orientação positiva da própria vida e, portanto, a relação em psicoterapia pressupõe uma tendência inata do ser humano ao crescimento. Assim, a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) parte da compreensão de que o indivíduo não depende de um direcionamento psicoterapêutico a ser promovido pelo psicoterapeuta, mas propõe a promoção de condições básicas facilitadoras para que a pessoa em psicoterapia possa acessar autônoma e livremente seus recursos pessoais para que o desenvolvimento aconteça da maneira mais fluida possível.

As condições facilitadoras básicas do crescimento, segundo Rogers (2010), são: a) a autenticidade, que consiste na vivência plena e aberta dos sentimentos e atitudes que fluem no momento presente, somada à expressão transparente dos mesmos por parte do terapeuta, possibilitando ao cliente[1] ver o que o terapeuta é na relação, convidando-o à uma postura equivalente, promovendo uma correspondência com a experiência vivida em nível profundo; b) a aceitação incondicional, que é uma atitude positiva ao que quer que a pessoa sejano momento presente, aumentando a probabilidade de uma manifestação plena do cliente sobre seus sentimentos; c) a compreensão empática, que se resume na capacidade do terapeuta de “captar com precisão os sentimentos e significados pessoais que o cliente está vivendo e comunica essa compreensão ao cliente” favorecendo à pessoa a sua compreensão própria da experiência vivida (Rogers, 1983, p. 39).

A exposição resumida, aqui feita, de uma teoria tão completa e complexa tem apenas o intuito de criar alicerce para a compreensão do conceito de Tendência Atualizante, a ser destrinchado a seguir. É a partir da compreensão do construto a ser apresentado que Rogers guia a construção de sua prática. Sem esse fundamento, não seria possível conceber os aspectos não-diretivos no exercício da psicoterapia orientada pela ACP.


O AJUSTAMENTO CRIATIVO: um construto da Gestalt-Terapia

Para se compreender o ajustamento criativo, é preciso, em primeira instância, elucidar o conceito de self e contato em Gestalt-Terapia. Perls, Hefferline e Goodman (1997) afirmam que o contato é o meio pelo qual o organismo se desenvolve. É toda função que acontece na fronteira entre o organismo e o ambiente no qual ele se insere. Trata-se da manifestação do organismo em interação com o ambiente em situação na qual o primeiro se realiza em contato com o meio externo que o circunda.

Sob a compreensão trazida pelos mesmo autores, self é

o sistema complexo de contatos necessários ao ajustamento no campo imbricado. O self pode ser considerado como estando na fronteira do organismo, mas a própria fronteira não está isolada do ambiente; entra em contato com este; e pertence a ambos, ao ambiente e ao organismo. O contato é o tato tocando alguma coisa. Não se deve pensar o self como uma instituição fixada; ele existe onde quer que haja de fato uma interação de fronteira, e sempre que esta existir (Perls, Hefferline e Goodman, 1997, p. 179).

O self, portanto, é a síntese entre o sujeito e seu ambiente. Trata-se de uma relação dialética na qual o sujeito só pode fazer-se se houver o ambiente que o nutra de elementos com os quais possa interagir e se constituir. O indivíduo, portanto, não se resume à sua vida interior. Ele é produto da oferta de recursos que o seu meio proporciona, assim como é formado por sua percepção desses mesmos recursos, se fazendo na interação com eles e se influenciando pela transformação que ele mesmo faz em seu contexto.

O funcionamento do self se dá a partir da percepção de si e da percepção do ambiente. “É consciente e orienta, agride, manipula, e sente emocionalmente a adequação entre ambiente e organismo” (Perls, Hefferline e Goodman, 1997, p. 179). A percepção é considerada um movimento complexo do organismo que envolve funções motoras, sensoriais e vegetativas. Trata-se de uma interação com o ambiente determinada pelas necessidades vegetativas, conduzidas pelas funções motoras e sensoriais que percebem no ambiente a condição de sua satisfação e interage com o meio na direção do seu saciamento. A essa integração dá-se o nome de ajustamento criativo.

Moreira (2010), afirma que

Ajustamento criativo significa auto-regulação, abertura ao novo, contato vivo e vitalizante, referindo-se à formação de novas configurações pessoais (ou gestalten) a partir da entrada de novos elementos através da experiência de contato. Ou seja, o ajustamento criativo é a superação de antigas estruturas relacionais que já não funcionam, através de um processo de re-estruturação com a integração do novo. Trata-se da auto-regulação do fluxo figura/fundo através do contato. (p. 24).

Compreende-se assim, que o ajustamento criativo é a condição dos seres humanos de interagir com o seu meio na busca por elementos contidos no ambiente, que, quando assimilados, possibilitam a mudança, à medida que essa se dá como consequência da extinção de uma situação inacabada. Essa resolução, por sua vez, culmina na formação de novas gestalten que pedem novo ajustamento criativo. Esse fluxo, quando constante e livre, possibilita a vida saudável.

A Gestalt-Terapia, segundo Carvalho e Costa (2010), visa às potencialidades dos seres humanos e sua sabedoria organísmica. Essa sabedoria é permanente e as circunstâncias que exigem autorregulação são propulsoras da mudança mediante situação de desequilíbrio. “Justifica-se assim a estima da Gestalt-terapia a situações desestruturantes como fundamentais ao ajustamento ou transformações criativas” (p. 13). É admissível, portanto, afirmar que condições patológicas da existência não são compreendidas pela Gestalt-Terapia como um comprometimento limitante da experiência do indivíduo, haja visto que também se leva em consideração os aspectos de saúde que o indivíduo preserva em si. A condição patológica é tratada por uma perspectiva positiva, sendo assim considerada um ajustamento do indivíduo em circunstâncias ameaçadoras ao self.

A partir do exposto, é viável inferir que, segundo os pressupostos da Gestalt-Terapia, o ajustamento criativo é a condição a partir da qual a vida humana se configura. Se o ajustamento criativo é o movimento na direção da satisfação do organismo, um organismo que não se ajusta está fadado a padecer. Ainda que em circunstâncias menos favoráveis, o indivíduo vivo tende a buscar, ainda que de maneira precária, a sua satisfação. Dessa forma, o papel do gestalt-terapeuta é facilitar “o restabelecimento do ciclo de contato, através de novas formas de ajustamento criativo que venham a suprir as necessidades do organismo através de um funcionamento satisfatório e saudável” (Moreira, 2010, p. 26).


A TENDÊNCIA ATUALIZANTE: um conceito rogeriano

Dentre as várias nomeações que Carl Rogers deu a um mesmo conceito ao longo de sua produção, escolheu-se “tendência atualizante”, para nomear o “fluxo subjacente de movimento em direção à realização construtiva das possibilidades que são inerentes (ao ser humano)” (Rogers, 1983). Trata-se uma tendência intrínseca aos seres humanos de desenvolvimento completo e complexo numa direção positiva. Rogers afirma que essa não é uma inclinação natural exclusivamente humana, mas de todos os seres vivos. Amatuzzi (2012) explica que se trata de uma força que universal e que, por isso, também existe no ser humano, já que esse compõe o universo. Para ele, o ser humano a manifesta de diferentes modos, mas principalmente como capacidade de autocompreensão, de mudança de autoconceito, na atitude básica diante da vida e no comportamento autodirigido, sempre em razão do ser mais (p.39).

“A tendência realizadora (ou atualizante) pode, evidentemente, ser frustrada ou desvirtuada, mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo” (Rogers, 1983, p. 40). O teórico americano afirma que pessoas podem desenvolver-se em condições pouco favoráveis ao seu desenvolvimento. Contudo, a tendência atualizante faz-se sempre presente. Para Rogers, aquilo que outras abordagens chamam adoecimento psíquico, pode ser compreendido como manifestação da tendência atualizante: pode ser compreendida como a melhor maneira pela qual o indivíduo conseguiu lidar com as ameaças que se apresentam ao self.

As condições em que se desenvolveram essas pessoas (que tiveram suas vidas desvirtuadas) tem sido tão desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais, distorcidas, pouco humanas. E, no entanto, pode confiar que a tendência realizadora (atualizante) está sempre presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta que se empenham para crescer e ser, utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis, os resultados podem parecer bizarros e inúteis, mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa. (Rogers, 1983, p. 41).

Para Rogers, a psicoterapia é uma possibilidade de criação das condições necessárias ao melhor desenvolvimento humano. No ambiente seguro do settingterapêutico, onde se faz presente na relação a aceitação positiva incondicional, o self pode se desfazer de suas estratégias de defesa contra as ameaças externas e pode, finalmente, manifestar-se como é, podendo assim conhecer-se a si mesmo e criar as condições para transformação na direção do desenvolvimento. Ele afirma que

Subjacente a esse processo de mudança estão as forças de progresso da própria vida. É essa tendência básica no sentido da manutenção e do aperfeiçoamento do organismo e do self que propicia a força motivadora para o que descrevemos aqui (o processo terapêutico) (Rogers, 1992, p. 225).

Assim, pode-se afirmar que, num processo psicoterapêutico fundamentado na ACP, o papel do psicoterapeuta é favorecer o livre fluxo da tendência atualizante e o funcionamento congruente do organismo. Moreira (2010) compreende que

O funcionamento congruente seria definido como organísmico, natural, espontâneo, inerente. O estado de incongruência ou desacordo se instala a partir da experiência vivida de não ser aceito incondicionalmente, o que vem a fazer com que a pessoa passe a funcionar incongruentemente, ou em um estado de desacordo entre seu eu e sua experiência. (p. 23)

A partir do exposto, é razoável afirmar que, para Rogers, há uma condição inerente aos seres humanos sem a qual o processo psicoterapêutico não seria possível. A psicoterapia pode ser compreendida como o fertilizante necessário ao desenvolvimento do organismo que se encontra em ambiente pouco fértil. Contudo, sem a pré-disposição organísmica para o crescimento, não haveria ação fecunda o suficiente para se chegar aos fins pretendidos.


UMA COMPARAÇÃO EM BUSCA DE CONVERGÊNCIAS

Para a ACP tanto quanto para a Gestalt-Terapia, há um movimento natural dos seres humanos na direção de um funcionamento organísmico confluente ao desenvolvimento. Ambas as teorias pressupõem os aspectos relacionais com o ambiente como condição necessária à constituição do self. Também compreendem que a interação com o organismo pode se dar de maneira a favorecer mais ou menos o crescimento da pessoa.

Segundo a ACP, mesmo em circunstâncias adversas, os indivíduos se movimentam na direção do crescimento interagindo com seu ambiente e se fundamentando nas condições mais favoráveis que este possa favorecer à sua existência. Isso significa que mesmo as existências que se fazem em ambientes patologizantes possuem, inerentes a si, a tendência a atualizar-se, renovar-se ou inovar a si mesmas. Quanto menos favorável o contexto, maiores desvios na direção da saúde o organismo precisará fazer. Assim, os ditos sintomas não são senão a manifestação mais saudável possível para o indivíduo inserido numa atmosfera precária de recursos.

Para a Gestalt-Terapia, se o indivíduo se faz síntese das condições atuais do organismo e dos recursos possibilitados pelo ambiente, também se pode inferir que quanto mais diverso e fecundo o ambiente, maiores as possibilidades de contato e, portanto, de desenvolvimento do sujeito. Diante da carência de recursos, menor a probabilidade de interação do indivíduo com seu contexto na direção de satisfazer suas necessidades e, a partir dessa satisfação, de formação de novas gestalten. A fluidez do ajustamento criativo é a situação ótima de funcionamento psíquico. Contudo, para a Gestalt-Terapia, ainda que o contexto seja pobre em possibilidades, o indivíduo extrai de seu contexto a melhor condição possível para dar fluidez à sua autoconstrução.

Ambas as teorias, portanto, partem da ideia de que há uma tendência positiva dos seres humanos na direção do crescimento. Essa tendência nem sempre se dá do melhor modo, mas acontece da melhor maneira possível diante das circunstância em que a pessoa está inscrita. As duas concordam que o papel do psicoterapia é construir um ambiente facilitador para a manifestação mais plena possível dessa tendência organísmica. Em outras palavras, remetendo à máxima sartreana, consiste em favorecer com que a pessoa em processo psicoterapêutico possa escolher o que fazer e como se fazer com aquilo que dela foi feito.

É evidente que essa discussão não se esgota nessa produção. Considera-se esse um ensaio de uma compreensão complexa, um chamamento para uma reflexão profunda e abundante. Este se faz, então, um convite a uma reflexão mais profícua.


  1. [1] Rogers nomeia a pessoa em processo psicoterapêutico como “cliente” e não “paciente”, como o fazem tantas outras abordagens psicológicas. A explicação que ele dá para a adoção dessa terminologia encontra-se em nota de roda-pé da sua obra “Terapia Centrada no Cliente”, uma de suas primeiras publicações, anterior até mesmo à fundação da Abordagem Centrada na Pessoa, nome que atualmente é atribuído ao legado rogeriano. Para o teórico, “embora o significado e a derivação trazidos pelo dicionário revelem a inadequação do termo, este é o que parece transmitir com maior precisão a imagem que temos da pessoa. O cliente, segundo o significado atribuído ao vocábulo, é alguém que ativa e voluntariamente busca ajuda para resolver um problema, sem contudo renunciar a sua responsabilidade pela situação. A partir dessas conotações é que o escolhemos, uma vez que afasta a ideia de pessoa doente ou objeto de experimentos. O termo na verdade apresenta algumas conotações legais indesejáveis; assim, se um termo melhor chegar a surgir, ficaremos felizes em utilizá-lo” (Rogers, 1992, p.13)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amatuzzi, M. M. Rogers: ética humanista e psicoterapia. Campinas, SP: Ed. Alínea, 2012, 2a ed.

Carvalho, L. C., Costa, I. I. A Clínica Gestáltica e os Ajustamentos do Tipo Psicótico. In: Revista da Abordagem Gestáltica. XVI(1): 12-18, jan-jul, 2010.

Fagan, J., Shepherd, I. (org.) Gestalt-Terapia: teoria, técnicas e aplicações. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

Moreira, V. Convergências e Divergências entre as Psicoterapias de Carl Rogers e Frederick Perls. In: Revista do Nufen. Ano 2, v. 1, n. 1, jan-julho, 2010.

Perls, F., Hefferline, R., Goodman, P. Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus Editorial. 3a ed., 1997

Rogers, C. R. Um Jeito de Ser. São Paulo: Ed. EPU, 1983.

Rogers, C. R. Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1992.

Wallen, R. Gestalt-Terapia e Psicologia da Gestalt. In: Fagan, J., Shepherd, I. (org.) Gestalt-Terapia: teoria, técnicas e aplicações. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

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